Ele saiu do Espirito Santo e foi para a Holanda por conta própria para estudar e tentar uma carreira internacional. Uma história que deu muito certo, confira!
A questão financeira é um ponto delicado quando falamos em estudar no exterior. Mas como nem sempre é possível conseguir uma bolsa de estudos, juntar as economias e fazer o investimento pode valer muito a pena.
Como muitos, Bruno tentou uma bolsa de estudos, mas não conseguiu. No entanto, resolveu investir e partiu com recursos próprios. Após um ano na Holanda, Bruno começou a trabalhar para a universidade. “A University of Twente tem foco especifico em 11 países. Eu era o representante do Brasil e trabalhava meio período. Gerenciava a página do Facebook que divulga os programas da universidade, interagindo com estudantes interessados e respondendo perguntas”, ele conta.
“Meu mestrado era de dois anos, mas estendi minha tese um pouco por conta da pesquisa. O curso é bem interessante. A dinâmica de estudos é totalmente diferente, aqui eles prezam muito a independência do aluno. Você tem que buscar o conhecimento. O professor orienta e oferece sua experiência sobre o conteúdo, mas cabe a você estudar. Isso estimula o aluno a aprender e a correr atrás. O mercado de trabalho na Holanda também funciona desse jeito. Você tem que gerenciar seu tempo, seu conhecimento e a sua produtividade, e esse programa de mestrado prepara os alunos muito bem para isso”, enfatiza.
“Twente é a única universidade da Holanda que tem um campus, com toda a estrutura em um mesmo lugar. Para mim foi uma experiência muito bacana porque eu nunca tinha vivido isso – morar, estudar e fazer minha vida em um mesmo espaço. Tudo é muito bem cuidado e as instalações são maravilhosas”.
“No Brasil eu trabalhava e estudava, não tinha nenhum contato com o meio acadêmico. Aqui pude mergulhar nesse mundo, voltei mesmo para a sala de aula. Além disso, as universidades holandesas, de um modo geral, têm uma forte integração com as empresas e os governos. Os cursos sempre usam problemas reais e na própria tese você pode trabalhar em um desses cases. Minha tese foi sobre um projeto de mobilidade cicloviária com a prefeitura de Curitiba. Esse é um tema importante aqui e duas delegações de professores, incluindo o meu orientador, foram à Curitiba para ver de perto o que estávamos pesquisando. Eu também passei dois meses lá com um colega holandês, estudando a realidade local. Os problemas da cidade foram discutidos em sala de aula e a experiência foi muito rica”, ele explica.
Bruno conta que apesar de ter passado por um período de adaptação, o esforço compensou porque os ganhos foram grandes. “Já fazem três anos e meio que estou fora do Brasil. Não tenho passaporte europeu, mas consegui me integrar bem à cultura holandesa e ao mercado de trabalho”.
Quando você termina um curso superior na Holanda, o governo concede um visto que dá direito ao aluno estrangeiro permanecer no país por um ano após a formatura. Bruno inicialmente conseguiu um emprego temporário e quatro meses depois foi contratado por uma empresa de engenharia.
A carreira internacional sempre foi um desejo de Bruno. “Minha ideia era fazer o mestrado, apesar de saber que no Brasil, temos universidades muito boas na minha área. A Holanda é um país pequeno e eles se expandem muito fácil. A empresa onde trabalho, por exemplo, tem escritório em sete países, então fazemos obras em diferentes lugares, o que é muito interessante. Estou em contato permanente com pessoas de várias partes do mundo.
Durante a semana não tenho muito tempo para nada, mas nos finais de semana passeio bastante. Moro em Leiden, a cidade do Rembrandt, a mais antiga da Holanda. Há muito para fazer aqui, estamos perto de tudo, entre Amsterdam e Rotterdam. Leiden é um centro universitário divertido, com muitos museus, bares e restaurantes.
Estudar aqui por conta própria não é barato. A anuidade dos cursos para estrangeiros oscila entre 30 e 40 mil reais. Se você tem passaporte europeu o valor cai muito. No entanto, é um investimento a se considerar. De 2014 para cá, as opções de bolsas de estudo se ampliaram e vale a pena tentar. Para mim de qualquer forma, valeu muito vir. Consegui recuperar o que gastei quando comecei minha vida profissional na Holanda”.
Bruno é de Vitória e apesar de estar muito feliz em Leiden, sente saudades. “A praia faz muita falta, assim como a comida de casa, a família e os amigos. Tento ir ao Brasil uma vez por ano e minha família e amigos sempre vêm me visitar. Mas eu me adaptei e ganhei muito com a mudança. Minha cabeça abriu, passei a enxergar coisas que antes não conseguia ver. O convívio com pessoas de outros países me expôs às mais diversas questões culturais e eu também passei a entender melhor as minhas origens. Cresci de uma forma que nunca poderia imaginar”.
“Acho que estudar no exterior é uma boa porta de entrada para fazer uma carreira internacional. Se você pensa em fazer isso, ter uma especialização ou pós-graduação em outro país é fundamental. Mas a vinda não é fácil e é bom estar muito seguro do que se quer fazer e preparado para isso”, reforça.
O inglês de Bruno está afiadíssimo e agora ele estuda Holandês. “É bacana saber se comunicar no idioma do país em que se está vivendo. Não é essencial, mas é bom para interagir com os locais. Quando falamos em inglês estamos falando em um terceiro idioma e nossa expressão é diferente. Quem aprende a língua local passa a entender mais sobre a cultura e o jeito de ser das pessoas e a partir daí tudo fica muito mais fácil”.
Bruno se lembra da época em que ainda tinha dúvidas sobre o que queria fazer e da incrível dedicação que seu projeto exigiu. “Escolher o país, a universidade e o curso, prestar exames e fazer contas para ver se o seu orçamento se encaixa, tudo isso demanda muito de você. Mas a partir do momento em que é aprovado, sente uma enorme gratificação porque chegou onde queria. É importante dar o primeiro passo e ser muito ativo. Esse é um projeto que depende de você”.
Fonte: Andrea Tissenbaum
21 Junho 2018 | 11h42